terça-feira, 22 de julho de 2008

MEIA FLORESTA AMAZÔNICA
O desaparecimento completo da floresta está entre as previsões mais pessimistas. Isso pode acontecer se a temperatura média da região aumentar mais de 5 graus. E essa elevação pode chegar a 8 graus. "Seria um caminho sem retorno", diz Carlos Nobre, climatologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A previsão mais aceita para a região é um aumento de temperatura de cerca de 3 graus até 2100. Nobre afirma que, nessa simulação, a floresta perderia mais da metade de sua cobertura original. "Pode acontecer uma união entre a grande savana da Venezuela e a parte central do Brasil", diz. Seria um campo com algumas árvores, mas dominado por arbustos e capim, bem menos imponente que a floresta atual. Um estudo realizado em dez anos pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) encontrou algumas pistas sobre como a floresta desapareceria. Segundo o biólogo Daniel Nepstad, coordenador do estudo, a temperatura elevada aumenta os períodos de estiagem. A queda na umidade natural da floresta acaba com o vapor de água da transpiração das plantas, que protege as árvores das queimadas. A vegetação fica mais exposta ao fogo. Como o fogo agrava a seca, cria-se um ciclo de destruição. O baixo nível dos cursos da água pode deixar grande parte da população local com problemas de transporte e alimentação. O desaparecimento de metade da Floresta Amazônica também pode reduzir em até 35% a umidade nas regiões Sul e Sudeste do país, afetando os ciclos de chuvas.
O QUE FAZER
Salvar a floresta depende de algumas ações preventivas. A primeira delas é a criação de mais unidades de conservação, como reservas e parques ecológicos, para conter o fluxo devastador. As pesquisas do Ipam concluíram que a porção mais importante a ser preservada é o sudeste da floresta, entre os Estados do Pará e do Maranhão. "Essa região é fundamental para garantir a umidade, responsável pelas chuvas em toda a Região Norte", afirma Nepstad. Uma segunda ação seria o reflorestamento, com espécies nativas, das áreas já degradadas. "É uma forma de criar um mecanismo para capturar carbono e ao mesmo tempo restabelecer a umidade na região", diz ele. Essas árvores também podem ser utilizadas pela indústria de celulose e nas siderúrgicas. O reflorestamento poder ser intercalado com sistemas de exploração da madeira nativa, a partir de práticas não-predatórias. Mas a ação mais importante é a criação de programas para acabar com a utilização do fogo para limpar o solo. São essas queimadas que saem do controle e carbonizam florestas já fragilizadas. "Sem o combate ao uso do fogo, não há como conservar a Amazônia", diz Nepstad.

18/11/2004 - 14:46 Edição nº 339
Protocolo de Kyoto entra em vigor daqui a 90 dias
A Rússia ratificou oficialmente o Protocolo de Kyoto sobre o aquecimento global, dando espaço para que o acordo internacional entre em vigor no início de 2005. O acordo, assinado por 126 países, entrará em vigor 90 dias após o processamento dos documentos da adesão da Rússia junto à Organização das Nações Unidas (ONU). O embaixador russo, Andrei Denisov, entregou os documentos ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan. Ambos estão em Nairóbi, no Quênia, sede do programa ambiental da entidade, para uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU sobre o Sudão. - Esse é um passo histórico rumo aos esforços do mundo para combater uma verdadeira ameaça global - declarou Annan. - Mais importante, (a adesão russa) encerra um longo período de incertezas. - Nós acreditamos que (a ratificação da Rússia) será um passo significativo para promover uma cooperação internacional em relação às mudanças climáticas - disse Denisov. Para o embaixador, a decisão "tem grandes conseqüências econômicas e sociais". O acordo foi ratificado pelas duas casas do Parlamento russo em outubro, e o presidente Vladimir Putin assinou a medida no dia 5 de novembro. O compromisso da Rússia tornou-se crucial depois que os Estados Unidos, maior poluidor mundial, desistiram do pacto em 2001.
Época Online, com informações de O Globo

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